Ao iniciar a preparação de uma apresentação sobre “gestão de start-ups aplicada a grandes empresas", resolvi embasar minha opinião sobre a importância destas se reinventarem, analisando
a evolução recente de algumas corporações americanas de tecnologia.
Para tal, selecionei a Apple, HP, IBM, Kodak e Microsoft - todas
conhecidas, mencionadas nos noticiários correntes e com mais de 30 anos de
existência.
Através do Yahoo Finance, gerei o gráfico de variação do preço dessas
ações e o do índice de ações de tecnologia Nasdaq, desde 30 de setembro de 2009
até ontem, 30 de setembro de 2011.
Obviamente, esperava alguma tendência que pudesse usar para apoiar minha
tese da necessidade destas se reinventarem para sobreviver. Mas fiquei
impressionado com quão direta e precisa foi a correlação nesse período entre a evolução das ações e a percepção do mercado sobre o assunto! Veja o
gráfico abaixo:
Nos últimos dois anos, o Nasdaq valorizou aproximadamente 20%. A Apple, que renasceu com
a volta do Steve Jobs, e não parou de evoluir com seu Ipod, Iphone e o recente
Ipad, tem sido a grande estrela atual e valorizou mais de 100% no período.
No outro extremo do gráfico, está a Kodak, que acaba de anunciar a
contratação de advogados de reestruturação. Quem não usou as máquinas fotográficas e rolos de filmes Kodak? Mas, apesar de algumas tentativas, ela não foi capaz de
introduzir nenhum produto que a revigorasse, enquanto a demanda por seus produtos
era esmagada pela mídia digital e por "smartphones".
Surpreendentemente próxima da Kodak no gráfico, com 50% de desvalorização (58% em
relação ao índice), encontra-se a respeitada HP! Neste caso, as dores do parto
de suas tentativas de renovação tem sido expostas na mídia: a indecisão sobre o futuro da divisão
de PCs, o fracasso do negócio de "tablets", a aquisição da Autonomy por US$ 10 bilhões e as várias trocas de CEO. A HP parece perdida e o mercado não é complacente.
No meio do gráfico está a Microsoft, com valorização zero, nos últimos dois
anos (negativa em relação ao índice). A mensagem do mercado parece clara:
apesar dos altos lucros, a empresa precisa se posicionar em relação a seu
futuro - sem uma estratégia de crescimento, podem haver surpresas negativas em
seu caminho. Acredito que Microsoft tem consciência disto e a decisão de pagar
US$8.5 bilhões pelo Skype, empresa ainda no vermelho, pode estar relacionada a
tal consideração.
Finalmente, com 50% de valorização, surge a IBM, empresa que realmente
se reinventou. Conhecida por seus "mainframes"
e portáteis (não eram chamados notebooks na década de 80), a IBM vendeu sua
divisão de PCs para a Lenovo há alguns anos e decidiu que seria principalmente uma
empresa de soluções. Pelo jeito, a estratégia está funcionando: acabou de
ultrapassar a Microsoft para se tornar a segunda maior empresa de tecnologia do
mundo, atrás da Apple!
Mas o jogo nunca acaba para quem está vivo. A Apple e seu novo líder têm um desafio de continuar inovando com sua linha de produtos, pois a
comoditização é rápida. A IBM não pode se acomodar com seu sucesso. A HP precisa acreditar em sua marca e cultura e
ir até o fim em seus esforços de se renovar. A Microsoft precisa se posicionar
sobre o assunto e agir. E para a Kodak, desejo boa sorte e espero que não seja um
adeus.
Vamos ver onde estaremos em 2013!
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