A humanidade está diante de desafios quase insuperáveis e
há tanta
falta de confiança nos nossos governantes, que o mundo parece ter-se deparado
com um beco sem saída.
Estamos enfrentando problemas socioeconômicos graves
(vide o artigo “a sociedade precisa de mais
empreendedores”).
Debate-se sobre a necessidade de um novo modelo econômico e
até sobre
a falência do capitalismo.
Os governos têm sido incapazes de resolver tais questões.
Pelo contrário, têm sido corresponsáveis pelas crises recentes. Os interesses políticos estão
acima dos anseios das populações, que se manifestam nos quatro cantos do mundo. Inexistem
lideranças com apoio popular, nem parece haver vontade política
para efetuar as reformas necessárias.
Países desenvolvidos passam por uma estagnação, em
meio aos níveis insustentáveis de endividamento dos governos e dos indivíduos.
Não há
consenso se a solução é estimular o consumo para gerar crescimento, ou
promover austeridade para reduzir a dívida.
Mantém-se a falta de transparência e o risco sistêmico do
mercado financeiro. Até agora a solução tem sido “garantir crédito sem limites” aos bancos, sem se endereçar
seriamente a regulamentação e as restrições necessárias.
Evita-se discutir sobre a falta de recursos para pagar
a conta da saúde e seguridade social de uma crescente maioria idosa,
uma crise com data e hora para acontecer em grande número
de países, mesmo alguns com menor endividamento.
O consumo crescente das sociedades emergentes, somado ao
das grandes economias, empurra nosso planeta para seus limites ecológico e
energético, causando poluição, aquecimento global, escassez de água
doce e de outros recursos naturais, com consequências não
apenas econômicas, mas para nossas vidas e saúde.
Energia competindo com alimentos, aumentando o custo destes
e contribuindo para a fome no mundo. Ou criando riscos ambientais inadmissíveis
na extração de petróleo e na geração de energia nuclear, cujos custos de danos potenciais
não são
cobrados dos produtores ou consumidores (o impacto econômico
do vazamento de óleo no Golfo do México foi estimado em US$ 15 bilhões, de
acordo com um estudo do Canadian Journal of Aquatic Sciences).
A crescente concentração de riqueza nas grandes economias
ocidentais aumenta a insatisfação social - na crise de 2008, enquanto executivos
financeiros ainda ganhavam seus altos salários e bônus, a classe média perdia suas casas, empregos e até suas
aposentadorias.
Nas nossas democracias, a população se incomoda
com o alto índice de corrupção nos governos de países emergentes ou com a influência
do lobby dos oligopólios,
empresas de petróleo, grandes bancos e outras corporações sobre
os congressos, tornando ineficiente o sistema político mesmo nas democracias mais estáveis.
No oriente médio e norte da África algumas ditaduras caem, mas incertezas e tensões políticas
se acentuam. E o risco de bomba nuclear volta às manchetes.
"Onde estão nossos governos? Queremos Mudanças!"
- Manifestações populares, tipo “Occupy Wall Street” ou a
chamada Primavera Árabe, se espalham.
Como superar este beco sem saída? Como
dito acima, não há soluções claras nem sistema político
com credibilidade e sustentação popular para definir e implantar mudanças de
impacto, que se tornam imperativas.
Mas não é o apocalipse. As crises econômicas,
diferenças sociais, guerras e maus governos são constantes
em nossa história. Às vezes, a fadiga e ruptura são
necessárias para renovações acontecerem. E existe muito valor sendo gerado no
modelo atual.
Voltarei a esses temas em próximos artigos.
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